segunda-feira, 1 de março de 2010

Mea culpa cafajeste

A Cafajestagem é uma praga, uma peste. Algo de que nem as boas almas estão livres. Basta um momento de distração, de descuido. E a Cafajestagem invade o seu sistema. E depois, ela não se encerra em você. Ela afeta terceiros.

No meu caso, o álcool é seu catalisador principal. Algumas doses a mais, e eu já não respondo por mim, mas por uma pomba-gira. Algumas vezes, o dia seguinte é indolor. Outras, é uma ressaca inglória. Nesses últimos dias, estou perseguindo a sobriedade.

Porque sobre todos os atos cafajestes, é preciso preservar os amigos. Mas eu, num rompante de diversão, deixei de preservar uma amiga. Coisa que não faz meu estilo, vai contra a minha índole aquariana. Deixou-me perturbada.

Fui contar a ela: alguns beijos em sua ex. Ela não digeriu bem. Num primeiro momento, eu não entendi: não sou uma ameaça. Jogo em outro time. E recuso pragmatismos. Acontece que, às vezes, é indispensável seguir alguns protocolos. Eu devia saber.

Para mim, foi uma brincadeira. Pra ela, uma brincadeira de mau gosto. E se ela não digeriu bem, eu fiquei com esse amargo na boca, com esse aperto no peito. Sentindo-me uma Cafajeste de terceira, que não se importa com os sentimentos alheios, apenas com seu bel prazer. Uma cretina?

Uma criança. Acabo de tomar um café com o guri aqui da produtora. Ele me disse que confio fácil demais. Que sou e me sinto uma criança, mas que não podia deixar que qualquer um tivesse consciência disso. Alguma sobriedade cai bem em certos momentos.

Disse também que quando estamos no chão, só encontramos que rasteje com a gente. Uma vez de pé, podemos até encontrar quem pule conosco. Que eu precisava fazer as pazes com minhas prioridades, com minha verdade. Mas que isso não aconteceria sem que eu fizesse as pazes com minhas raízes. Tá difícil.

Qualquer companhia adianta, qualquer boteco prorroga a chegada em casa. Existem pessoas que turbinam a minha insanidade, mas eu não as evito porque não quero voltar pra onde eu comecei. Pro lugar onde os sonhos são metas. Queria apenas sonhando, sempre ébria de sonho. Só que tem esse momento, essa frase que berra e não pode ser ignorada: você passou da conta. Está na hora de fechar essa bodega pra balanço.

Diversão nenhuma vale uma amizade. Ou uma rachadura. Eu posso ser uma Cafajeste, ou uma criança insana. Mas, porra, eu sinto culpa.