sábado, 1 de dezembro de 2012

O dia em que mandei tomar no cu e ir pra puta que pariu


Segundo aquariano do currículo. As tais das previsões astrológicas são uma grande furada. Aquário mais aquário era pra ser uma coisa massa, teoricamente seriam melhores-amigos-amantes. Verdade que o cara até mandava bem na pegação, mas também não era uma coisa de outro mundo. Mas quando a gente está em terra estrangeira, aquela velha carência vira uma tosse intermitente e, assim, intolerável. Eu estava doida pra achar logo um p.a.
A história começou já do avesso. Eu estava com outro cara quando o conheci. Não pegando porque não queria mais, especialmente depois de sacar que o quarentão queria me embebedar pra me comer. Veja bem. Quando eu sou fácil, sou boa. Quando eu sou difícil, sou ótima. Cachaça geralmente invoca as pombas-giras, mas naquele dia eu tinha um caboclo por perto.
Peguei o aquariano, que era um conhecido do quarentão. Acabei trazendo o bofe pra casa por uma razão que será revelada em momento oportuno. Quebrei a cama - já meio caída - na interação e dormi na casa dele no dia seguinte. Só que no outro dia não havia álcool.
O problema não é o bicho morar com os pais. É fazê-lo sem colocar um saco de arroz dentro da casa. Formado em letras e escrevendo ranço com s. Falando dos vários livros que ele teve, mas vendeu. Talvez não precisasse vendê-los se, aos 28 anos, considerasse que arranjar um emprego fosse uma boa ideia. Pseudo escritor, diretor e, oh lord, produtor.
Eu queria um serviço periódico, todavia. Não costumo ter obsessões porque não tenho concentração suficiente pra isso. Mas eu estava perseguindo um pinto amigo pois achava que poderia me ajudar num certo “exorcismo”. Combinei um teatro com o cara, mesmo depois que ele mandou a seguinte:
- Você não tem jeito de quem seja fiel.
Estamos namorando, Brasil? Fidelidade depende de algum gene que se expressa no rosto da gente? Eu te conheço, criatura?
Mandou outra pérola:
- Desde que nos conhecemos, ficamos apenas 10 horas separados...
Com essas duas cagadas, eu já devia ter me convencido de que estava diante de um ciumento do tipo neurótico e inseguro. A placa RUN FORREST RUN estava piscando, mas eu botei na conta da miopia.
Pero, me atrasei pro tal do teatro e foi quando eu tive a oportunidade de ler em braile a essência do cafajeste. O bicho deu um chilique porque quando me ligou eu estava longe do telefone: por um tempo de, no máximo, 7 minutos – o quanto dura um cigarro. Um chilique daqueles que provocaria “vergonha alheia” em mulher doutorada em barraco. Ou era TPM ou era psicose, imaginei.
Depois de um mês evitando a criança, eu topei sair pra comer alguma coisa e tomar uma breja de leve no bairro onde moramos. Entre um pedaço de alcatra e um gole de cerveja, apareceu um conhaque. Por que não dar uma esticadinha num bar do centro onde deve estar tocando cumbia?
No centro, o conhaque entrelinhas virou 3 ou 4 doses de um licor indecente de jabuticaba. Uma conhecida dele, voltando do banheiro, pára na mesa e diz que eu sou linda e que meu sotaque é uma delícia. Achei a guria divertida e emendei um papo com ela. Ele começou a fazer tromba e quando ela levantou pra buscar uma “cerveja de verdade”, o adolescente solta o pum:
- Você pega mulher?
Eu não teria uma foto pra mostrar a cara do indivíduo, mas garanto a vocês que não havia otimismo na pergunta. Havia, porém, muito ciúmes e algum desespero. De modo que só me restou levar na esportiva e, pra me divertir um pouco, continuar a conversar com a moça. Então, ele levantou e foi beber sozinho no balcão. Meia hora depois, veio avisar que ia embora e aí eu disse que, obviamente, iria junto. Nem sabia direito onde eu tava na city. Na hora de pagar a conta, ele tinha menos de 20 pilas e eu saldei o preju. Aí ele comenta que estava muito bêbado pra dirigir e eu peço a direção. Ele me passa a contragosto, mas já estava esbravejando na saída. Menos de um minuto de corrida, ele já estava berrando e puxou o freio de mão. Nessa hora, eu vi 3 táxi parados e falei que não voltaria com ele.
Vocês acham que ele veio atrás pra me impedir e se ajoelhou ao chão pedindo desculpa por ser um moleque babaca? Não, ele arrancou.
Quando eu já estava no táxi, ele começa a mandar mensagem e ligar no meu celular. Não atendi, mas redigi o texto abaixo pra ele:
“Vai tomar no cu. Você é um moleque e não quero mais saber de ti. Vá pra puta que lhe pariu. Apague meus contatos. Me esqueça.”
No dia seguinte, ele já havia me deletado do facebook. Fez um favor pra mim, bebê. Não me venha com androgenia. Eu não sou lésbica: gosto de homem PRA CARALHO.