sábado, 1 de dezembro de 2012

O dia em que mandei tomar no cu e ir pra puta que pariu


Segundo aquariano do currículo. As tais das previsões astrológicas são uma grande furada. Aquário mais aquário era pra ser uma coisa massa, teoricamente seriam melhores-amigos-amantes. Verdade que o cara até mandava bem na pegação, mas também não era uma coisa de outro mundo. Mas quando a gente está em terra estrangeira, aquela velha carência vira uma tosse intermitente e, assim, intolerável. Eu estava doida pra achar logo um p.a.
A história começou já do avesso. Eu estava com outro cara quando o conheci. Não pegando porque não queria mais, especialmente depois de sacar que o quarentão queria me embebedar pra me comer. Veja bem. Quando eu sou fácil, sou boa. Quando eu sou difícil, sou ótima. Cachaça geralmente invoca as pombas-giras, mas naquele dia eu tinha um caboclo por perto.
Peguei o aquariano, que era um conhecido do quarentão. Acabei trazendo o bofe pra casa por uma razão que será revelada em momento oportuno. Quebrei a cama - já meio caída - na interação e dormi na casa dele no dia seguinte. Só que no outro dia não havia álcool.
O problema não é o bicho morar com os pais. É fazê-lo sem colocar um saco de arroz dentro da casa. Formado em letras e escrevendo ranço com s. Falando dos vários livros que ele teve, mas vendeu. Talvez não precisasse vendê-los se, aos 28 anos, considerasse que arranjar um emprego fosse uma boa ideia. Pseudo escritor, diretor e, oh lord, produtor.
Eu queria um serviço periódico, todavia. Não costumo ter obsessões porque não tenho concentração suficiente pra isso. Mas eu estava perseguindo um pinto amigo pois achava que poderia me ajudar num certo “exorcismo”. Combinei um teatro com o cara, mesmo depois que ele mandou a seguinte:
- Você não tem jeito de quem seja fiel.
Estamos namorando, Brasil? Fidelidade depende de algum gene que se expressa no rosto da gente? Eu te conheço, criatura?
Mandou outra pérola:
- Desde que nos conhecemos, ficamos apenas 10 horas separados...
Com essas duas cagadas, eu já devia ter me convencido de que estava diante de um ciumento do tipo neurótico e inseguro. A placa RUN FORREST RUN estava piscando, mas eu botei na conta da miopia.
Pero, me atrasei pro tal do teatro e foi quando eu tive a oportunidade de ler em braile a essência do cafajeste. O bicho deu um chilique porque quando me ligou eu estava longe do telefone: por um tempo de, no máximo, 7 minutos – o quanto dura um cigarro. Um chilique daqueles que provocaria “vergonha alheia” em mulher doutorada em barraco. Ou era TPM ou era psicose, imaginei.
Depois de um mês evitando a criança, eu topei sair pra comer alguma coisa e tomar uma breja de leve no bairro onde moramos. Entre um pedaço de alcatra e um gole de cerveja, apareceu um conhaque. Por que não dar uma esticadinha num bar do centro onde deve estar tocando cumbia?
No centro, o conhaque entrelinhas virou 3 ou 4 doses de um licor indecente de jabuticaba. Uma conhecida dele, voltando do banheiro, pára na mesa e diz que eu sou linda e que meu sotaque é uma delícia. Achei a guria divertida e emendei um papo com ela. Ele começou a fazer tromba e quando ela levantou pra buscar uma “cerveja de verdade”, o adolescente solta o pum:
- Você pega mulher?
Eu não teria uma foto pra mostrar a cara do indivíduo, mas garanto a vocês que não havia otimismo na pergunta. Havia, porém, muito ciúmes e algum desespero. De modo que só me restou levar na esportiva e, pra me divertir um pouco, continuar a conversar com a moça. Então, ele levantou e foi beber sozinho no balcão. Meia hora depois, veio avisar que ia embora e aí eu disse que, obviamente, iria junto. Nem sabia direito onde eu tava na city. Na hora de pagar a conta, ele tinha menos de 20 pilas e eu saldei o preju. Aí ele comenta que estava muito bêbado pra dirigir e eu peço a direção. Ele me passa a contragosto, mas já estava esbravejando na saída. Menos de um minuto de corrida, ele já estava berrando e puxou o freio de mão. Nessa hora, eu vi 3 táxi parados e falei que não voltaria com ele.
Vocês acham que ele veio atrás pra me impedir e se ajoelhou ao chão pedindo desculpa por ser um moleque babaca? Não, ele arrancou.
Quando eu já estava no táxi, ele começa a mandar mensagem e ligar no meu celular. Não atendi, mas redigi o texto abaixo pra ele:
“Vai tomar no cu. Você é um moleque e não quero mais saber de ti. Vá pra puta que lhe pariu. Apague meus contatos. Me esqueça.”
No dia seguinte, ele já havia me deletado do facebook. Fez um favor pra mim, bebê. Não me venha com androgenia. Eu não sou lésbica: gosto de homem PRA CARALHO.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não aceitamos strip-tease!



Quem nunca teve um cafajeste mea-culpa? O cafajeste da vez é colega de faculdade, daqueles estilos rockerzinhos, tatuado, na casa dos 30, calado, que dá a entender que a iniciativa é sempre sua, minha ou nossa. Resumindo: o tipo que se exime fácil da culpa. Nunca falei dele antes porque é preciso tempo para digerir. Para mastigar bem e ver o que se pode tirar disso. Nenhuma lição de moral é claro. Afinal, também tenho o meu tom cafageste.
A coisa já começou errado. Ficou com uma amiga minha, ela curtiu, mas não rolou a tal da química. Ainda assim, o bofe era bom. Tempos depois (3 meses), manifestou interesse por mim. Perguntinhas e tal. Coisa de covarde que precisa de uma ponte para chegar onde quer. Relembrando: a culpa nunca é dele. Liberais que somos, minha amiga e eu, passou os contatos e tal. Descobri que fazíamos o mesmo curso. Que já haviamos feito algumas disciplinas juntos. Nunca notei ou tomei consciência da figura.
Papo para lá e para cá, tive que chamar para um cinema na minha casa. Mea culpa! Claro que rolou. E rolou química, o encaixe, o tesão. O beijo era bom, ele também. E goodi sabe da minha perdição por rockers tatuados e problemáticos, com uma dose de carência. Ou que dão a entender isso.  Me contou que tinha acabado um relacionamento de 7 anos (não me contou que a culpa foi dele). E ainda morava perto da minha casa! Perdição!
Achei que se não tivesse encontrado um possível futuro ex-namorado, ao menos daria um bom PA, amigo colorido, chamem do que quiserem... Mas, é preciso cautela. Enrolamos cinco meses. Ele tinha (tem) um cachorro que sentia a minha falta, sempre chocolate e cerveja na geladeira, o sexo era bom e o cafajeste fez um strep-tease para mim. Golpe dos mais baixos!
Ok! Eu estava caída, apaixonada. Fui levando, mas nessa altura do campeonato, não tinha mais o que fazer. Mandei a real. Desviou. Aquela coisa de nem roer, nem largar o osso. Fiquei mais umas duas semanas nessa. Fui deixando de atender ligações, de responder no msn e tal. Mas ele sabe roer. Mais uma ou duas idas para a cama, chocolates, mordidinhas. Datas marcadas. Toda quarta-feira ele me ligava, oferecia carona. Passei a ser a amiga lanchinho das quartas a noite.
Mas afinal, aqui é uma cidade pequena ou o circulo de amizade é parecido. Descubro que ele está namorando a uns dois meses. COMO ASSIM? Puta que pariu, nunca fui de fazer exigências (deve ter sido esse o meu erro), mas um pouco de respeito e honestidade vai bem em qualquer relacionamento ainda mais quando uma das partes está declaradamente envolvida (seja na amizade, sexo ou qualquer outro tipo de enrosco).
Resultado: não vale a pena perder tempo com o passado mal compensado. It’s over que o meu sangue não é de barata. Honestidade é legal, já disse acima, mas ainda carrego comigo parte da culpa afinal, PA é PA e em nenhum plano-seqüencia-mental deve passar disso. O resto é bobagem ou tesão e nisso deve ficar.

domingo, 16 de setembro de 2012

http://www.revistapessoa.com/2012/09/o-que-deu-para-fazer-em-materia-de-historia-de-amor/


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O que deu para fazer em matéria de história de amor
Livro monta e remonta histórias que compõem o quebra-cabeça do amor
Escrito por Claudia Nina em 16 de setembro de 2012
OPÇÔES
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“É nos detalhes que, tenho esperança, esteja o todo que busco. Este, privado daqueles, esfarela-se.” De farelo em farelo, somando as indecisões, os detalhes desimportantes (ou essenciais?), Elvira Vigna tenta falar sobre o amor – ou o que restou dele – neste inquietante romance.
Um dos títulos que melhor resume o estado dos afetos de hoje, o livro é uma tentativa de recomposição de uma história a partir de um esfacelamento de pontos de vista. Faz uso de personagens que já morreram para entender uma história, a sua própria, sem quase nenhum sucesso. Às voltas com uma arrumação eterna, em um apartamento que será vendido, ela desperta personagens mortos. E move-se em busca de outros cenários em outras épocas. Despertará também o amor?
Há tanto a se dizer sobre um romance cheio de reentrâncias, idas e vindas, jogo de caixas que são histórias, afetos que não são detalhes, imagens que são desenhos nascidos da mão que não consegue seguir uma linha reta, pois desiste sempre de chegar onde pensa que iria chegar quando deu início ao primeiro traço. “Ao começar, não sei como acabo, como ficarei, eu. É meu suspensinho particular”, diz a narradora.
Ela não tem nome. Mas sabe-se que namora um quase-afeto (não se cogita em amores inteiros aqui), chamado Roger. Ele é filho de Rose, uma das personagens sobre a qual a narradora vai falar no seu retorno a um cenário do passado – um antigo apartamento no Guarujá – onde viveram Arno, um artista plástico, Gunther e Ingrid.  Dois casais, uma traição. Uma história dentro da outra, e o passado, esmiuçado, é arrancado do presente como coelho de dentro da cartola do mágico.
Em busca de imagens perdidas – literalmente, pois o que procura é também um quadro de Arno deixado para trás – a narradora acaba encontrando surpresas. Uma das várias tarefas a que o romance se propõe é a de revelar exatamente o que há de melhor no jogo da prosa contemporânea: o imponderável. A tentativa (sempre frustrada) da reconstrução, sob escombros, é um palco dividido abertamente com o leitor. A narradora não sabe o que fazer nem aonde quer chegar. Também não tem ideia de como irá contar a história. Tampouco busca conclusões – “E eu preciso de uma história que não tenha acabado”. Texto de ironia sutil e um mau-humor idem.
Imagens bem construídas (Elvira é também desenhista, há que se lembrar) dizem muito de uma autora que sabe desenhar minúcias com grande habilidade: “Observamos o dia sumir. Sentadas no chão do chuveiro, às vezes choramos. Nada de mais, contentes até, por momentos, ao ver que lágrimas e água quente são uma coisa só que some no ralo”. Irresistível a referência aos amores (ralos) que igualmente somem (pelos ralos), assim como os dias, diante da impossibilidade das expansões amorosas – a menos que se queira inventar um amor – incluindo o que há de pior em cada qual e também o desejo de morte. O que se apreende, ao final, talvez seja que o mais importante é mesmo o dia que segue. Dar nome às coisas e aos sentimentos é complicado e absolutamente desnecessário.
TRECHO
“Faz frio. Desde que estou aqui, não tiro o casaco. Agora as coisas entram em um ritmo. Os períodos de silêncio se alternam com as marretadas no apartamento vizinho, com a bicicleta que vende bolos, e com o cachorro que, enfim, late, sempre que não há motivo. E mais: há um liquidificador pela manhã, em algum lugar. E grupos de pessoas que emergem, insuspeitadas, de shorts e casacos, e de chinelos. Vêm de dentro das casas que me pareciam vazias. São os moradores permanentes da cidade, que eu acreditava não existirem. Surgem como surgem zumbis em filmes de terror. Devagar. Me espanto com eles. Os observo com toda a atenção. São arnos e roses, vindos de São Paulo ou alhures, e dos mais variados feitios”.

O que deu para fazer em matéria de história de amor
Elvira Vigna
Companhia das Letras

Claudia Nina

Claudia Nina
Claudia Nina nasceu no Rio de Janeiro, onde mora. É autora de A palava usurpada (Editora da PUC-RS), sobre a obra de Clarice Lispector, tradução de sua tese de doutorado pela Universidade de Utrecht (Holanda), e de A literatura nos jornais (Summus), do livro infantil A barca dos feiosos (Ponteio) e do romance Esquecerte-te de mim (Babel).

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os astros de Aquário, todos NEW AGE of united states d'Zamérica, oh yeah

TRÂNSITOS ASTROLÓGICOS

HORÓSCOPO PERSONALIZADO




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HORÓSCOPO:

VIVIFICAÇÃO DO HUMOR

Marte em sextil com Lua natal

DE: 03/09 , 13h30
ATÉ: 17/09 , 1h05
Ocorrido anteriormente em: maio/2012

Bom humor e boa disposição social tendem a ser a tônica do período que vai dos dias 03/09 e 17/09 para você, Ju*. Marte estará formando um ângulo estimulante e harmonioso à sua Lua de nascimento, e isso costuma dar uma dinamizada à vida emocional do indivíduo. Cores mais leves passam a tonificar o seu emocional, e este não é apenas um momento socialmente interessante como, sobretudo, tende a ser uma fase de reações emocionais positivas.
É curioso observar, Juba*, como muitas vezes passamos dias, às vezes até meses e anos mergulhados numa chateação ou ressentimento. Remoemos aquilo, até que de repente - bum! - a coisa passa. Em geral, são nos ciclos positivos de Marte com a Lua que a pessoa simplesmente "espana a poeira" e se livra de emoções chatas que não lhe servem mais. E este momento, para você, é agora!
Daí a importância de, neste momento, conhecer gente nova, permitir-se trocar emoções com os outros, fazer coisas que lhe dão prazer. É um bom momento para o intercâmbio de sentimentos, para a expressão das emoções, sobretudo com as pessoas mais íntimas, da família, os amigos mais chegados, ou os amores.
Julie*, você tem outros 9 trânsitos ativos. Veja na coluna ao lado.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O ogro encantado - I


               Pelo jeitão e o sotaque, qualquer uma diria que, se ele fosse músico, era numa dupla sertaneja. Mas talvez não fosse universitária, pois isso não é critério pra ele. Como bem provocou o amigo com quem divide o apê: “Quando uma mulher entra em casa, eu mal cumprimento e já aponto onde é o quarto dele”.
                Deveria ser um abatedouro, mas em cinco noites apenas uma piá de 19 anos apareceu – em três noites. Mas, pra provar que o lance não é sério, o tal ogro encantado faz questão de contar de outras amantes. Menos detalhes, eu sempre alerto. Pra que ele interrompa a punheta, metaforicamente falando. Afinal, ele sabe que é atraente, eu sei, todo mundo sabe. Ninguém em sã consciência vai achar que o cara não é bonito e 99% das mulheres heteros vão querê-lo. Quer dizer, o óbvio ululante não precisa ser anunciado.
                Fosse apenas um deus grego, e a coisa seria simples. Mas aí o cara vem com esses paradoxos. E mulher se amarra num paradoxo. É canceriano e brada por aí que quer casar. Mas em seguida emenda: depois dos 30. Então tá. Arrota um rodízio de piadas toscas e, antes de dormir, ouve música clássica.
                É certo que estamos tratando aqui de um Cafa do tipo artista, o clássico. Tão quebrado quanto gato e tão gato quanto talentoso. Começou tocando bateria e daí passou pro piano.  Começou uma faculdade de engenharia e daí passou pra música. Parece que forma esse ano, aos 27. Jim Morrison dos teclados.
                Por enquanto, temos isso. Uma breve apresentação. Como a onda hoje é televisão, vou escrever uma série pra cada cafajeste eleito. Três textos para cada um do Top Five de ontem, hoje e amanhã.  

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ex-mai Cafa


Com tantos clichês disponíveis na vida, na rede e além, fica difícil traçar uma linha de pensamento íntima sobre a quintessência da cafajestagem. Mas para toda e qualquer coisa existe a tal experiência pessoal. É claro – eu precisaria ainda de muitos botões abertos e fechos-ecler arreganhados para me aventurar (delícia) na feitura de uma brevíssima exposição de uma tipologia cafa. Pois não resisto: sou afeita a classificações arbitrárias.

O ex-mai cafa que dá título a esse texto foi quem inaugurou em mim o gosto e o horror pela analítica da cafajestagem. Não foi o primeiro. Meu primeiro cafa foi, miséria, meu primeiro amor. Eu tinha treze anos e ainda não trepava. Mas escrevia umas poesias super quentes, com direito à versos sobre a descoberta (imaginária) da felação. Ele acabou pegando minha melhor amiga no auge de minha paixão. Retrospectivamente, percebo que ele era um cafa mirim. Ascendeu na cafajestagem uns três anos depois. Aí eu já havia embarcado em outra canoa furada. Cafa típico. Nem bonitinho, nem ordinário. Eu tinha dezesseis anos e só pensava em trepar. Ele também, tanto que mantinha três namoradas – sendo eu parte da tríplice – e uma dúzia de amantes. Skatista, usava corrente prateada no pescoço, piercing e era magro qual vara de bambu. Eu achava esse skatista o máximo da rebeldia, fiquei pirada. Fiquei pirada uns quatro anos, na verdade. Continuo a buscar, em vão, uma explicação para o tanto de tesão que eu tinha naquele moleque. Só o pau torto não é capaz de dar sentido às horas seguidas que passávamos dentro do Uno fodido do pai dele, no meio do mato, queimando toda aquela pólvora adolescente. Queimando outras coisas também.

Chamo o skatista de cafa típico porque, além de ter me enrolado por anos com muito sexo e até umas promessinhas de amor, ele sempre foi convicto de sua cafajestagem. E ainda por cima, queria mudar. Nos meus ínterins de lucidez, quando decidia dar uma basta naquela punhetagem dos infernos e ir quarar em outros varais, ele abria o berreiro em choro. Adorava patologizar sua condição de cafa e explicar o quanto era difícil resistir a um cangote, mesmo que o cangote fosse da garota ao meu lado na festinha do colégio. Era um conquistador de marca maior, apesar das poucas atribuições físicas. Mas eu queria amor. Resolvi namorar sério com um cara tranquilão pouco depois de entrar na faculdade. Alguns semestres se passaram e de volta à solteirice, decidi procurar o ex-skatista (atual barril), para uma foda amiga. Fail. Apenas sua convicção de cafa permaneceu impagável. Hoje, passada mais de uma década, me vê na rua e me canta com o filho recém-nascido no colo. Apresenta a esposa e depois manda um e-mail falando que sente saudade e me convida para dividir um litrão no boteco.

Minha última trepada com o skatista foi a foda fail. Por essa época, eu estava de asa caída pelo ex-mai cafa ou cafa Hamlet. Esse tipo – ser ou não ser – é o mais perigoso e irresistível. Avisei sobre os clichês: malandro, vaidoso, charmoso, gostoso mesmo que não, ardiloso, sacana. Um filósofo da cafajestagem. Conheci ex-mai cafa em um samba, ele todo sestroso, eu toda boa bêbada. Mesmo acompanhado por uma bela moça, dançou bem perto de mim a noite inteira. Na rápida ausência dela, se apresentou e ensaiamos uns passinhos. Tempos depois nos topamos em um bar e no terceiro cigarro eu estava destemperada pelas escadas do prédio onde o cafa morava. Já no apartamento – ‘vai uma taça de vinho?’. Um dia vai e outra noite vem e um mês e mais. As trepadas eram ora precedidas, ora sucedidas por um papo estranho e inédito para mim. O cara curtia falar sobre desejo, contar suas façanhas, discorrer sobre as mulheres que pegava e dava à simples putaria contornos românticos, etéreos. Era um trabalho de mestre. Eu estava seca pela vadiagem, mas me deixei enrolar no novelo de ponta dupla – um tesão de matar e essa conversa mole. Apaixonei no cafa e a proposta de amor livre foi para o beleléu. Eu queria trepar com só com ele e ponto. Mas as justificativas filosóficas que o cafa Hamlet tinha para sua necessidade de encontrar outros corpos, confluir o flerte, deixar jorrar a porra eram tão intelectualmente acessíveis e até, confesso, excitantes, que cogitei viver essa coisa plural. Mentira, aceitei nada, eu estava no poço da dependência sexual.

Se tinha uma coisa que ex-mai cafa odiava era ser chamado de cafajeste. Talvez por isso, em algum momento, quis ficar comigo e ser fiel. Eu não conseguia disfarçar o fato de que me chateava com seu talento nato em dar mole para geral. Morria de ciúme e quando ele vinha com o papo de ser ou não ser eu já queria descer ladeira abaixo. Mas horas de sexo ininterrupto me faziam esquecer qualquer palhaçada. Uma boa foda tem um potencial curativo do caralho, literalmente. Só que não dura mais um gozo. Dois, talvez. Ex-mai cafa era um charme, galante e chupava como ninguém. Foi, porém, um cafa mal resolvido. Gastou muito tempo explicando seu caso enquanto deveria só praticar a pegação. Cheguei a pensar que ele fazia terapia com as minas, todo aquele discurso, sempre querendo conquistar um coração. O roteiro era o mesmo, não importava a garota. Faltou autenticidade, sobrou confusão. E faltou que eu me contentasse com apenas uma noite entre uma donzela e outra, com uma fatia do bolo ao invés de uma sequência de tortas na cara. Há muito tempo não vejo ex-mai cafa, dizem por aí que é outro cara. Torci para que tivesse assumido sua cafajestagem. Parece que não.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Amigo de Cafejeste é onça







Verdade que um post foi apagado por aqui. Cafas amigos podem ser poupados. Mas é uma exceção, pois a regra é destilar a cafajestagem concentrada, pulverizar o inseticida.
Dessa vez sinto-me especialmente inspirada. Conheci muitos Cafajestes, mas poucos andróginos profissionais. Relações antropológicas, antropofágicas, internacionais, blablablá: o cara trampava com o universo feminino.
Sim, já dá pra começar a rir. Houve mesmo quem achasse – e quem achará – este conto risível. Pessoalmente, achei uma piada de mau gosto. Literariamente, encontrei um muro pra pichar.
Sei que trago um tanto de socialismo dentro de mim, esse tique aquariano. Carona, carteira de cigarro, larica, abrigo, rebô. A distância entre o não-que-abre-alas e o sim-que-fecha-portas é coisa pra solucionar antes do barra-vento de Saturno.
Reparem que toda vez que a gente entra nessa toada de sim-por-que-não, rola alguma treta. Arquitetura de uma treta anunciada, porém, o desenho sempre nos parece original.
A produção de abrigar o cara coincidia com introduzi-lo na minha vida afetiva, social e profissional de uma vez só, estando tudo junto e misturado. Quem se avizinha, vai conhecer invariavelmente uma querida amiga/assessora e/ou um querido amigo/assistente. Vivemos estressados, mas também nos divertimos, nos ajudamos e, claro, compartilhamos. Quase tudo.
Segundo o assistente, o convidado queria pegar tod@s, inclusive ele. A assessora não resenhou antes, mas, de forma intuitiva, deu um fora solene no sujeito. O Cafa arrastou um bonde pra cima dela logo depois de ter ficado comigo. Mais precisamente 14 horas depois de uma ducha. Quando, noite anterior, eu o buscava no aeroporto meia-noite e, ainda que a capa da Mulher Gato, tomei uma gelada de boas-vindas. No dia seguinte, eu fui embora pra Passargada: sou amiga do Rei, mas ainda devo-lhe um oficio.
Assim, não tramei pra dar um bote no malandro na fração de chance que pintasse. A ideia de rachar o teto por uma noite foi decorrente de uma batida que espatifou todo o vidro traseiro do meu carro. Eu queria evitar a xaropação familiar e tomar mais uma, afinal, e não queria dirigir. O vestido decotado de bolinhas era para o teatro, do qual eu sentia tanta falta: e ainda sinto.
Se a ocasião faz o ladrão, destaco que não coloquei a faca na garganta de ninguém.
Nos dias de hoje, as pegações que pratico são inversamente proporcionais às horas de trabalho que emprego, ou seja, nem fodida estou. Nesse contexto, uma pegação é quase sempre digna de registro.
O Cafa não era digno de confiança, embora constasse de uma lista amiga de emails, isto é, acima de suspeitas. Ilusões 2.0, vocês sabem como é. Se existe quem compre seguidores no tuíter, não haveria quem vendesse unfolow na vida real? Pois bem. Na próxima, desprezado conhecido, é mais razoável que você alugue um motel. E leve seu cinzeiro de oncinha.
Pílulas azuis prometem coragem, mas não garantem a dignidade. O que lhe faz pop não é vintage. Desde os tempos da vovo: conhecemos isso como molequagem.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012