terça-feira, 23 de novembro de 2010

the blues and the jeans

Flash-back é uma situê que dificilmente acaba bem. Eu achava que já tinha aprendido essa lição: há muitos e muitos anos que eu não era reincidente. Pero. Una persona em crise é uma pessoa cuja memória também está em crise. After all...
Dois flashes-back. Como se não bastasse o turbilhão de idéias e sentimentos que me assola, eu ainda inventei de cutucar feridas do passado. Como se o passado próximo não me atormentasse o bastante, eu inventei de rememorar o passado remoto. Acho que quando tá tudo cagado, só uma coisa passa na cabeça de alguém surtado: jogar a merda no ventilador.
Quando a gente tá em crise, devia colocar logo uma camisa-de-força e uma mordaça. E ficar imóvel e muda até que a crise - ou a estupidez que advém desta - passe. Mas não. De mãos soltas, língua indomável e carência latente, a gente vai lá e fica com o ex - por duas vezes.
Por quê a gente acha que justamente um ex que já cagou conosco pode levantar a nossa moral ou nos ajudar a resgatar a auto-estima? Onde lemos isso? Quem nos transmitiu esse "conhecimento"?
Estamos tão fragilizadas e atordoadas que achamos que alguém que nos conhece há muito tempo (ou que nos conheceu há muito tempo) vai nos olhar e nos tocar como uma jóia rara, uma peça antiga, clássica. Como aquela calça jeans mais velha que temos e que mais gostamos e que nos cai tão bem. Mas não. Ou já estamos gordos demais pra entrar na calça ou a calça já está surrada demais pra usarmos por aí.
Não adianta deitar no chão e prender a respiração. Não adianta dar uma tintura nova. Não se fazem calças jeans - nem amores - como antigamente.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

o cafofo X um motel

Não que tenha sido o único cara, mas foi o primeiro motel depois da reprise mexicana. Eu queria um quartinho, mas um bom motel era o que havia - e dessa vez eu nem abri a carteira. Vários drinks, uma dúzia de saideiras. Um frio gostoso, um quarto de primeira. Uma noite como manda o figurino: mas eu sou o tipo de garota que curte roupas de brechó.
Por três anos, com alguns intervalos, maiores e menores, a gente ficou. Namoramos, amigamos, brigamos, afastamos, reaproximamos. Detalhes tão pequenos de nós dois ainda funcionam: mas ambos perdemos the big picture. Eu tão inerte e entorpecida queria mesmo que algum instante - aquele momento? - curasse um pouco, alguma parte, do meu desatado derrame. Tanto pra jorrar e nenhum balde que apanhe. Quanto a ele, não sei, e, um dia, saberei? Talvez vontade de se lembrar um pouco em mim, talvez vontade de me lembrar um pouco nele, talvez tão somente aquele tesão latente.
Nunca me satisfaço nas primeiras vezes. Desde que me desentendo por gente eu gosto do segundo olhar, do segundo toque, das segundas vezes. Acho que o primeiro passo - seja pra frente ou pra trás - é sempre um tanto destrambelhado: é sempre uma nota solta num cenário que ainda não se entende compasso.
Saturno se insinua e muitas convenções e muitas ilusões e muitas pretensões se desfazem: restam poucos átomos e aparece uma galáxia de partículas.
Acho que as nossas noções de espaço-tempo não é tão íntima. Ou nos falta combustível ou nos sobra disritmia. 3 anos não se condensaram numa noite tão curta e tão fria.