segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Nona esfera ou a arte de não ser devorada pela serpente

"Necessitamos nascer e isso de nascer é, foi e será sempre um problema absolutamente sexual. É necessário nascer e para tal tem-se que descer à Nona Esfera." Ensinamentos gnósticos




Dante (minha versão)
Que Dante Alighieri tivesse me aparecido na forma de um boçal, facto. Li que Dante vem de durante, e isso me faz lembrar de algo. Vamos a divina comédia. Devo começar pelo paraíso, afinal, no começo tudo são flores. Homens, eternos tragicômicos.


PARAÍSO
Lembro que o conheci num pub. Gostei de seus cabelos. E da voz também. Não me lembro onde paramos naquela noite. Certamente não na casa dele. Talvez porque eu tivesse engatada um relacionamento - paralelo.


PURGATÖRIO
O sofrimento, instala-se, então, quando chego em seu apê: segundo encontro. Ele está de roupão e toca violão. Desafinado. Cabelos molhados. Aguento sua falta de ritmo por alguns instantes. "Ah, que bela voz você tem, só falta ritmo e afinação", tenho ditoi. Fomos para a cama. Dante tinha uma enorme geba que me custou muito para ser encorpada. Acho que nem gozei. Ninguém precisa de um pau tão grande assim. Muito menos meu útero. Depois, em outra ocasião, encontrei-o numa festa e fui deixá-lo em casa. Ele propôs uma suruba entre eu, ele e minha amiga. Aquilo era só uma carona. Uma cortesia. Dante já não me causava menor excitação. Pateta. Talvez porque fosse mais estúpido e inconveniente do que parecia. Gente que não se toca tá por fora. Não estou falando de punheta. Abomino inconvenientes. Mas tudo passa, principalmente um tipo desses.

INFERNO

Encontrar Dantes pelos bares mais decrépitos da cidade. Decadente com os gêmeos-cocaine do "Nappers", ou simplesmente "Narizes" - um bar reggae. Um dia passou e me pediu um cigarro. Eu disse "não, sou viciada". Sempre lembrando ao fato (fato) de que Dante foi para o inferno (o do lado de lá, bem longe do meu) quando veio me visitar - isso antes desses reencontros de ignoração mútua - ou a arte de não se cumprimentar, comumente praticada em Brasa City. O inferno são os outros, já dizia Wilde. Sentamos em baixo do bloco. Pediu que eu o chupasse, e em menos de um minuto gozou na minha boca. Reação: cuspi na cara de Dante. Não por causa da porra, que eu até poderia ter engolido se ele tivesse pedido. Mas a canalhice, o olhar de campeão, a CAFAGESTAGEM e a má-fé. Tudo que ele queria. Gozar na minha boca sem a minha permissão soa como se dissesse algo que não posso engolir de um homem. Nunca. A trapaça e o jogo sujo. Nem mesmo porque chamasse Dante, aque que "goza durante".

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