terça-feira, 13 de julho de 2010

Dupla de três

Hoje cedo, antes de sair (atrasada) pra trabalhar, eu vi um bicho da esperança. Acho que é a segunda vez nesse ano que o vejo, mas hoje fez mais sentido. Esperança, finalmente. Ainda manco, ainda vacilo, mas minhas pernas estão vivas: e segue o meu caminhar.
Depois de quase dois anos de putaria, eis que eu me encontro apaixonada. Quase dois anos de sexo sem pretensão, de trepar pra não perder o hábito. Porque mulher também tem necessidades biológicas, todas sabemos disso. Sexo faz bem pro humor e pra pele. E ninguém quer se transformar numa megera de cara embrulhada. Então, todo mundo trepa.
É verdade que eu me empolguei com alguns dos caras com quem trepei durante esse tempo. Mas nada passou de faísca. Aquela chama, que ao mesmo tempo nos amedronta e nos fascina, aquela chama estava apagada. Mas no fundo eu nem me importava. 
Estava mais preocupada em trabalhar ou em me divertir. Paixão parecia um desejo supérfluo. O foco era dar um tapa no currículo, engordar um pouco o porquinho e meter o pé na estrada. Óquei. Este ainda é o foco. Só que agora a trilha está mais florida: tem outros aromas. 
Acho que a metáfora dos aromas é uma boa metáfora para a paixão. Pois eu continuo fodida, com um monte de pendências nas costas, cheia de ansiedade no coração. Só que, ás vezes, eu respiro fundo...e sinto um aroma diferente. E sabemos: um aroma é uma coisa volátil.
Eu estou apaixonada por dois caras. E não, meu nome não é Aline.
Pode parecer um absurdo se pensarmos no amor. Talvez seja inconcebível amar duas pessoas. Ao menos dentro do conceito padrão de amor. Eu, pessoalmente, não sei: ainda não cheguei lá. Estou falando de paixão. 
Não que eu não os ame. Eu amo: aqui e agora. Do amanhã, eu não vejo nem a fumaça. Pois. É como eu sempre observo: o sádico e o divino são duas faces da mesma entidade. Eu tenho dois homens, e não tenho nenhum. Essa semana os dois estão viajando: pra mesma região, inclusive. E não é só isso.
Nenhum deles mora na minha cidade, e ambos irão embora mais ou menos em três meses. Para o mesmo estado. Digam-me vocês: isso é sádico ou não é?
Porém. É divino também. Cada um ensina coisas, mostra coisas que eu não sabia. Cada um tem um jeito de me animar e de me intrigar. Daí, eu estou sempre nesse estado de excitação: e não me refiro apenas ao sexo aqui.
Aliás, o sexo é mais complicado do que parece. Porque a minha mente é livre, anarquista e hippie. Mas o meu corpo, muitas vezes, não consegue acompanhá-la. Eventualmente, eu tenho corpus crisis.
É aí que entram os papéis. Um é o namorado, o outro é o amante. Com o segundo, dá pra filosofar sobre a situação. Isso me conforta. 
Assim, eu começo tudo de novo. Todos os dias, todas as noites. Imersa em esperança - e amor.

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