segunda-feira, 8 de novembro de 2010

o cafofo X um motel

Não que tenha sido o único cara, mas foi o primeiro motel depois da reprise mexicana. Eu queria um quartinho, mas um bom motel era o que havia - e dessa vez eu nem abri a carteira. Vários drinks, uma dúzia de saideiras. Um frio gostoso, um quarto de primeira. Uma noite como manda o figurino: mas eu sou o tipo de garota que curte roupas de brechó.
Por três anos, com alguns intervalos, maiores e menores, a gente ficou. Namoramos, amigamos, brigamos, afastamos, reaproximamos. Detalhes tão pequenos de nós dois ainda funcionam: mas ambos perdemos the big picture. Eu tão inerte e entorpecida queria mesmo que algum instante - aquele momento? - curasse um pouco, alguma parte, do meu desatado derrame. Tanto pra jorrar e nenhum balde que apanhe. Quanto a ele, não sei, e, um dia, saberei? Talvez vontade de se lembrar um pouco em mim, talvez vontade de me lembrar um pouco nele, talvez tão somente aquele tesão latente.
Nunca me satisfaço nas primeiras vezes. Desde que me desentendo por gente eu gosto do segundo olhar, do segundo toque, das segundas vezes. Acho que o primeiro passo - seja pra frente ou pra trás - é sempre um tanto destrambelhado: é sempre uma nota solta num cenário que ainda não se entende compasso.
Saturno se insinua e muitas convenções e muitas ilusões e muitas pretensões se desfazem: restam poucos átomos e aparece uma galáxia de partículas.
Acho que as nossas noções de espaço-tempo não é tão íntima. Ou nos falta combustível ou nos sobra disritmia. 3 anos não se condensaram numa noite tão curta e tão fria.

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