terça-feira, 11 de setembro de 2012

O ogro encantado - I


               Pelo jeitão e o sotaque, qualquer uma diria que, se ele fosse músico, era numa dupla sertaneja. Mas talvez não fosse universitária, pois isso não é critério pra ele. Como bem provocou o amigo com quem divide o apê: “Quando uma mulher entra em casa, eu mal cumprimento e já aponto onde é o quarto dele”.
                Deveria ser um abatedouro, mas em cinco noites apenas uma piá de 19 anos apareceu – em três noites. Mas, pra provar que o lance não é sério, o tal ogro encantado faz questão de contar de outras amantes. Menos detalhes, eu sempre alerto. Pra que ele interrompa a punheta, metaforicamente falando. Afinal, ele sabe que é atraente, eu sei, todo mundo sabe. Ninguém em sã consciência vai achar que o cara não é bonito e 99% das mulheres heteros vão querê-lo. Quer dizer, o óbvio ululante não precisa ser anunciado.
                Fosse apenas um deus grego, e a coisa seria simples. Mas aí o cara vem com esses paradoxos. E mulher se amarra num paradoxo. É canceriano e brada por aí que quer casar. Mas em seguida emenda: depois dos 30. Então tá. Arrota um rodízio de piadas toscas e, antes de dormir, ouve música clássica.
                É certo que estamos tratando aqui de um Cafa do tipo artista, o clássico. Tão quebrado quanto gato e tão gato quanto talentoso. Começou tocando bateria e daí passou pro piano.  Começou uma faculdade de engenharia e daí passou pra música. Parece que forma esse ano, aos 27. Jim Morrison dos teclados.
                Por enquanto, temos isso. Uma breve apresentação. Como a onda hoje é televisão, vou escrever uma série pra cada cafajeste eleito. Três textos para cada um do Top Five de ontem, hoje e amanhã.  

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